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O Impacto da Luz

Tudo o que você vê ou não na tela do cinema, foi cuidadosamente pensado e planejado para assim ser

 

A direção de fotografia é um dos braços fundamentais do cinema. Por definição, a palavra “fotografia” significa “desenhar pela luz”. De maneira simplista, é essencialmente toda técnica referente a criação de imagens por meio da exposição luminosa.

O papel do diretor de fotografia, é basicamente pegar as visões do diretor e roteirista e traduzir em imagens, que sejam capazes de transmitir o sentimento e as intenções que os mesmos querem passar para o espectador. Para isso são utilizadas diversas técnicas e equipamentos diferentes que acabam influenciando na imagem final, como movimentos de câmera, lentes, filtros e até a velocidade que o obturador câmera gira, porém isso é assunto para um outro momento, vamos nos ater ao elemento que dá nome à esta função, a luz.

Muitas vezes, o grande público passa batido conscientemente sobre tantas especificidades e nuances oriundas do trabalho executado por este profissional. Contudo, a soma de todas as suas responsabilidades gera o sentimento, aquela sensação buscada em cada cena para assim dar o tom do filme.

Abaixo, seguem alguns exemplos que melhor ilustram as intencionalidades pretendidas quanto à iluminação em set.


• Dureza e suavidade:

Quando se fala em como uma cena deve transmitir emoções somente pela fotografia, um elemento que sempre aparece na equação de qualquer diretor é o quão dura ou leve deve ser a luz. Basicamente, tendo um objeto principal a ser evidenciado pela câmera – sendo na maioria das vezes os próprios atores – se estabelece uma relação entre a quantidade de luz emitida versus o tamanho deste objeto.

Em outras palavras, consiste em mensurar o quão grande é a fonte de luz e o quanto ela afeta a criação de sombras, se o contraste entre o claro e escuro se dará de maneira incisiva ou branda. Assim, a fotografia parte em dar maior dureza ou suavidade para a cena, colaborando em estabelecer o lado emocional junto a atuação dos atores.

Luz dura cria sombras duras e ajuda a compor o entendimento emocional incerto que vive a personagem em “Blade Runner” (1982) / Luz branda do exterior, soma com a leveza do momento em que se encontram os personagens em “Ataque dos cães” (2021).

• Contraste e proporção:

Uma forma de criar a iluminação de um filme é pensar em quais gêneros narrativos ele se enquadra. De um terror psicológico, passando por um drama de época, até chegar em uma comédia romântica, diferentes proporções entre luz e sombra podem ser utilizadas para gerar as intenções pretendidas.

Seja medo, apreensão, felicidade, empatia, tristeza ou riso, balancear o contraste no rosto dos personagens é algo básico e que faz toda a diferença. Para ilustrar melhor, pense em qualquer ator. Agora, imagine que sua cara está iluminada de maneira uniforme, com muita pouca diferença entre o lado esquerdo e direito. Aos poucos, vá escurecendo apenas uma das metades. Continue até chegar ao ponto em que apenas um dos lados do seu rosto permanece visível.

Os diferentes pontos desta escalada - entre o contraste da luz versus sombra - são utilizados de maneiras específicas dentro de um filme. Neste exercício que você acabou de executar, quais proporções ficariam melhor para um thriller policial ou então uma comédia?

Com uma luz incisiva somente em um dos lados do rosto, o personagem do filme “The Batman” (2022) tem toda a sua carga de mistério e dramaticidade ainda mais acentuada / Em “CODA” (2021), o rosto dos personagens encontra-se com pouca ou nenhuma sombra, mesmo a noite, reforçando o clima leve da obra.

• Luz e narrativa:

Em certos casos, a luz não somente auxilia em dar o tom da cena, mas funciona como imprescindível elemento que dá todo o sentido para as ações e falas dos personagens. Um tipo comum de iluminação que segue esta linha de raciocínio é a “motivacional”.

Quantas vezes nos deparamos com dizeres populares ou alegorias em que caminhar na direção da luz é alcançar um estado pleno, atingir um conhecimento libertador sobre determinado assunto ou até mesmo chegar ao fim de uma jornada extenuante? A luz passa a ser a narrativa, eleva-se a um patamar inigualável para aquela cena em relação a qualquer outro elemento que possa compor a história.

Vale destacar que a luz “motivacional” é apenas uma das várias formas em que a iluminação passa a ser elemento narrativo decisivo. As possibilidades são infinitas.

O diretor de fotografia e ganhador de Oscar Roger Deakins é conhecido por utilizar em variadas cenas a luz com características motivacionais. No seu trabalho “The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford” (2007), o personagem sai da escuridão e caminha em direção a um grande foco de luz, além de carregar consigo uma lamparina. Tudo colabora em sinalizar a sua progressão, o momento que sai da dúvida em direção às respostas que tanto procura.

Os exemplos não param por aqui. Na verdade, os filmes trazidos neste artigo servem apenas como um ilustrativo sobre as várias técnicas e práticas que um diretor de fotografia emprega nas suas obras audiovisuais. E isto falando apenas da iluminação.

Imagine colocar na equação os filtros, lentes, movimentos de câmera, exposição, enquadramento e demais incumbências tão importantes na hora de “desenhar pela luz”. Não é à toa que esta função é uma das mais importantes durante a noite do Oscar.

Aqui na Fauno Filmes, nossos vídeos – independente do formato, linguagem, propósito e duração – prezam por igual cuidado na hora de pensar sua fotografia. Toda a preocupação com a estética e luz se faz presente em nossos audiovisuais. Acreditamos que assim, somado a um roteiro, produção e direção bem alinhados, se sobressaia ainda mais as intencionalidades que se buscam.

Você quer emocionar, entreter, informar ou se aproximar do seu público? Deixe a direção de fotografia te ajudar ainda mais a alcançar este objetivo.

Trabalho recente realizado para a Volk do Brasil, onde o trabalho de iluminação nos ajudou a contar a história de forma muito mais emocionante e intimista que o projeto previa.

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