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Pandemia: Contradições e Eficácia da Comunicação Digital

Atualizado: 31 de jan. de 2022


Legenda: Marzio Toniolo/via REUTERS

Pandemia: Contradições e Eficácia da Comunicação Digital


Nos encontramos na era da informação e uma infinidade de assuntos está a um clique de distância. Mais do que isso, a população parou de apenas consumir e passou a produzir notícias, podendo compartilhar publicamente acontecimentos, ideias e críticas nas redes sociais e atrair aqueles que pensam da mesma forma, tendo o potencial de se tornar formadores de opinião.


A mídia tradicional, diante disso, possui a seu favor o fact checking: a checagem de fatos que fornece garantia de veracidade das informações que estão sendo fornecidas à população. Mas sem um planejamento prévio, em tempos de incerteza como o da pandemia COVID-19, os meios de comunicação podem cair em controvérsia por não saberem lidar com o fluxo de informações aliado à responsabilidade social de manter a veracidade e passar a devida gravidade da situação para o público.


Os veículos de mídia refletem, hoje, as incertezas dos estudos científicos, dos especialistas e das autoridades de poder sobre qual a melhor forma de combater o Coronavírus. Estas são as entidades que dão base ao jornalismo, que garantem segurança e confiabilidade, pois são as principais fontes de informação. Entretanto, quando não há um consenso entre as partes, e o que era considerado certo ontem é tido como errado hoje, os meios de comunicação sofrem e são deixados à deriva.


Legenda: No início da pandemia, a recomendação era usar álcool gel. Depois, lavar as mãos com água e sabão foi divulgada como a melhor atitude. A utilização de máscaras eram desencorajadas, mas recentemente as máscaras de tecido se tornaram a nova recomendação do Ministério da Saúde.


Outro problema é a supersaturação das informações. A responsabilidade social dos veículos de comunicação está em mostrar à população a gravidade da situação do Coronavírus no Brasil e no mundo, e uma das técnicas utilizadas para isso é o constante fluxo de informações sobre o assunto em todos os cadernos e programas jornalísticos. Em uma emissora de TV, o coronavírus cobre mais de seis horas de programação direta, sem pausas. A controvérsia vem na seguinte forma: Esse acúmulo de informações está beneficiando ou atrapalhando o espectador? A informação divulgada de forma clara, precisa e concisa é muito mais fácil de ser compreendida. Mas a gravidade de uma situação só é sentida por movimentações fora do normal e dando a devida ênfase. Este é o atual paradoxo dos meios de comunicação.


Os jornais sofrem com um outro problema importante: a abrupta mudança de público alvo das informações. O grupo de risco do COVID-19 pertence à terceira idade, mas os jornais não são feitos para essas pessoas. A acessibilidade é deixada de lado na missão de seguir transformando o que é tradicional em tecnológico, retirando informações essenciais da programação e disponibilizando-as exclusivamente para quem possui um smartphone e sabe mexer nele, em um país no qual a inclusão digital está longe de ser ideal. Esta é uma lição de que sua mensagem precisa estar adaptada para o público que precisa ou deve recebê-la.


As grandes corporações, que assistem o desenrolar do Coronavírus e planejam estratégias de como continuarem relevantes durante uma pandemia ou crise econômica, também dão um ótimo estudo de caso. As primeiras iniciativas dessas marcas foi em mudar suas logos para estimular o distanciamento social. Mais do que nunca, ações de marketing em tempo de crise parecem não comover a população, que criticou boa parte dos nomes envolvidos na iniciativa por não realizarem doações para auxiliar no combate ao vírus. Essa é uma boa demonstração de como a comunicação digital precisa ser pontual ao seu modelo de negócio. Atribuir uma responsabilidade social que não pertence a sua marca pode não trazer resultados vantajosos.


Foram os criadores de conteúdo, os anteriormente chamados formadores de opinião, os grandes beneficiados durante essa quarentena. Com um planejamento estratégico, visando a permanência das pessoas em casa e a necessidade por entretenimento, muitas personalidades do Youtube e Instagram realizaram lives (para que não houvesse a necessidade de edição e para que a interação com o público fosse imediata) e conteúdos exclusivos para este momento, como dicas de meditação, exercícios físicos, controle de ansiedade, coisas para fazer e muito mais. É o outro extremo da comunicação digital, com uma responsabilidade social muito diferente daquela atribuída aos meios de comunicação no momento, e que mostra uma grande eficácia.


Legenda: A live da cantora Marília Mendonça contou com intérprete de LIBRAS, QR Code para doações online e mais de três horas de música com a artista.


Ainda mais impressionante foi a atitude dos músicos perante a pandemia. A indústria fonográfica sofreu um grande impacto com o cancelamento de shows e eventos, mas grandes nomes brasileiros e mundiais souberam dar a volta por cima e movimentar milhões de pessoas para as plataformas digitais. Nos últimos dias, Marília Mendonça e a dupla Jorge e Mateus competiram pelo show com maior quantidade de visualizações simultâneas no YouTube. Marília quebrou o recorde da dupla com 3,2 milhões de acessos. Isso pode mostrar que talvez a pandemia aja como uma catalisadora para uma mudança na promoção musical, na qual o artista poderá tomar para si a divulgação de sua arte, dependendo menos da rádio, televisão e vods por ter maior controle sobre o seu conteúdo.


A comunicação digital proporciona um feedback quase imediato, e é uma ótima ferramenta de mensuração para saber se a sua estratégia aborda todos os parâmetros necessários. Para toda atividade que envolva informação, é de vital importância pensar no público alvo, na acessibilidade e na responsabilidade social da empresa e do ramo de negócio. Com isso, a mensagem emitida é mais eficaz, sem paradoxos ou contradições.

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